segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O meu querer



O meu querer

E quando eu me percebo triste é que eu volto pra ele. Não que já não o quisesse antes, sempre o quis. Mas a mim não pertence, o meu querer, o meu desejo. Não é meu. Sequer será. Mas enquanto comigo, meu ele se torna, seja por um dia, por uma noite, uma hora. Então se vai mais uma vez. E eu volto a procurar em outros, o que só encontro nele. Então busco, penso que encontro, me iludo, às vezes até acredito. E quando acaba, um alívio no peito, foi-se um alguém, mas não se foi o meu querer. Ele ainda está lá, guardado, protegido, em segredo. Não é meu, mas está a minha espera. O meu querer. E sei que ainda posso voltar pra ele. O tempo em que me permitir ser meu. Meu tempo. Meu querer. Voltei.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

2






Tudo que era já parece não ser mais
O que eu queria já não procuro mais
Me vejo em lembranças distantes de alguém que não sou eu

Tenho algo que não sabia que existia
Fazer as vontades, provar dos sabores
Sensualidade, cumplicidade, intimidade

A frente ele me estica os braços
Vou agarrá-los

Ser dele, ter ele e ter a mim
Vou beber dele num gole só
Vou provar do gosto, do cheiro, do toque
Na ardência da pele
Na urgência do toque
E na sede do beijo

Não tente me prender
Me mantenha solta,
Mas me mantenha atraída e me tenha sua

Daquele que meu desejo rege
Naquele em que me perco e me encontro a cada instante
Mais e melhor
Não explico, não entendo
Apenas sinto e corro pra isso



Fui breve, ficou curto,
Mas disse o que eu tinha a dizer
E quando ler vai entender e se encontrar nas minhas palavras

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Até que...




Sempre gostei de tarde de verão, suco de caju, bolo de fubá e bicicletas. 
E de passear no parque a tarde com o cachorro, sempre pelo mesmo percurso e pasmem ouvindo as mesmas músicas.

O cabelo penteado do mesmo jeito, os mesmos perfumes, brincos e anéis sempre dourados, combinam com os cabelos também dourados.

As mesmas pessoas, os mesmos assuntos, nos mesmos lugares...

E eu gostava tanto de vc, gosta daquela roupa, daquele bar... de tudo que era tão certo... tão certamente certo... até que me cansei

E sabe o que eu fiz? Fiz a minha mala. Digo A mala porque era uma só, só o essencial. Não peguei minhas roupas preferidas, nenhuma peça lilás, a cor que eu sempre gostei, peguei aquelas que as pessoas diziam que não se pareciam comigo. E saí pela porta da frente.

A mala eu deixei na primeira lixeira que encontrei...

Tudo o que os outros esperavam e pensavam de mim deixei na esquina seguinte...

Você? Você já não estava mais comigo, nem mesmo antes de sair...

E segui só, segui leve, segui Eu

quinta-feira, 26 de abril de 2012

...




Deixe a porta aberta, ou não mude as chaves de lugar. Eu posso querer voltar, nesse fim de semana, a qualquer hora, um dia, ou numa tarde fria.

Não se livre das minhas coisas, dos meus livros, dos meus CDs. Não se livre de mim. Quando eu voltar e quero tudo como era antes, tudo conforme eu deixei.

Quero entrar pela porta e te ver sentado ao lado naquele mesmo lugar, bebendo a mesma coisa, me olhando com o mesmo olhar. E do mesmo jeito eu vou até você como sempre vou.

Eu te conheço e você me conhece. Somos comuns a nós mesmos. Basta um toque, basta um sorriso e você já sabe o que eu quero dizer. Sim, temos isso. É bom, não é rotina. Porque você sempre me surpreende. Já faz tanto tempo e até hoje se você me deixa com as pernas tremendo, um frio no estômago e água na boca, rs.

Do jeito que só você sabe, o jeito que toca, o jeito que beija, o carinho misturado ao desejo, um tanto apressado em ter o que deseja, mas sempre atento a detalhes. Esse é você, aquele em que eu me reconheço, aquele que por muitas vezes eu não soube quem era. Todos em um só. 

E quando eu procuro nos outros você. Por que tenho que fazer isso? Até hoje não consegui. Não há você sem ser você. Eu sempre vou acabar voltando, voltando pra ...

quinta-feira, 29 de março de 2012

Contradição



Pronto!!!
Acabei de fazer tudo que eu não devia ter feito, tudo que eu jurei pra você e pra mim mesma que eu não faria. E fiz.

Tanto me controlei pra não pegar o celular, pra não tem enviar aquele enorme e-mail mal escrito que ainda está na minha caixa de rascunho. Pra nada.

Sou toda contradições, e provo isso a cada momento.

Tira daqui esse copo, senão eu jogo ele em você, não me olha com essa cara, nada do que você disser eu vou acreditar. Eu não acredito em você, e pior que isso, acredito ainda menos em mim.

Eu não consigo nem mesmo manter minhas decisões. Eu sei que não te quero, mas nunca eu te quis tanto como agora. Eu não posso, não devo, mas não digo que não vou.

Porque somos eu e você! Total contradição! Um sim em um não!!!

Tinha acabado, mas então por que você está aqui? Tudo conspira contra ou a favor. No rádio toca a sua música, na rua os outros homens usam o seu perfume, o carro ao lado do meu no semáforo é igual ao seu. Por que você não vai embora?

E por que eu não te mando embora de uma vez por todas?

Porque eu sei onde te achar, sei como você vai estar, sei da tua roupa, da tua bebida, da tua rotina. E não me diga que você não sente assim também, porque você também se contradiz.

Porque somos você e eu! Por mais que digamos que não! É depois do primeiro copo e da primeira troca de olhares que a gente se entende e se entrega mais uma vez. Dizendo que não, mas querendo sim! 

É ridículo, mas sempre caímos na nossa contradição!!!

terça-feira, 13 de março de 2012

Nosso trato



Então ficou combinado assim.

A gente se viu, se gostou, se conheceu e cada vez mais. Cada vez mais de você, de mim, de nós. Beijo, toque, corpo, pele. Numa perfeita cadência, sintonia, atração, tesão, chame do que quiser.

Era tudo naquele momento, um tudo e um nada, tudo que quiséssemos e nada a esperar. Eu sabia, estava ciente e concordei. Tínhamos um trato, afinal combinamos assim.

Mas em que momento eu me esqueci? Em que momento eu desobedeci as regras?

Anseio pela sua volta, espero por você.
Me pego pensando, lembrando, sonhando.

Não me deixe perder isso, não me deixe esquecer dessa sensação que só você me traz, uma loucura com total sentido, sem porquês, sem senões. Mas com muito de nós.

Não me deixe sem teus beijos, do mais quente ao mais carinhoso deles. Sem o toque que desliza em meu corpo, conhece cada curva, cada centímetro. Sem o corpo pesado e forte que me faz sentir pequena e frágil e depois repousa cansado ao meu lado. Da pele na qual a minha arde, da boca que me mata a sede, dos olhos que me invadem, do cheiro que me extasia, é o teu gosto de prazer.

É parte de mim, é parte de você. Não sei explicar, não sei o que será. Tínhamos um trato, um tesão sendo vivido, desejos realizados.

Mas eu tenho a impressão de ter quebrado esse trato, no momento em que sei que preciso de tudo isso todos os dias.

Façamos um novo trato então?

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Tempestade de verão


 
Hoje o dia foi tranquilo no trabalho, uma quarta feira sem grandes expectativas, não tinha nada programado, então pensei em passar no supermercado comprar talvez uma massa e uma boa garrafa de vinho e enjoy!!!
  Faltava pouco mais de meia hora pra eu ir embora e uma tempestade se armava bem em cima da minha cabeça, ou eu saio agora ou tô ferrada, pegaria toda aquela chuva, trânsito e até semáforos apagados, isso sempre acontece nas tempestades de verão por aqui.
  Assim eu fiz desliguei meu computador, peguei a bolsa e desci para pegar meu carro no estacionamento. Detalhe, o estacionamento fica a dois quarteirões daqui, é quase inacreditável mas é verdade, um prédio de 18 andares no centro da cidade sem estacionamento.
  Ao chegar a porta do prédio, o céu ainda mais escuro, ventania e eu não era a única correndo pela rua. Correndo??? Tentando andar pelo menos rapidamente, o tanto que meu salto alto permitia. Ao virar a esquina BUM começou o temporal, uma chuva tão forte que não dava pra seguir em frente, olhei pro lado e vi um toldo de uma loja ou coisa assim logo a minha frente, fui até ele e percebi ser um bar ou café.
  Entrei, sentei no balcão, ensopada. Pronto, em menos de 10 minutos todos meus planos tinham ido por água a baixo, literalmente falando. E agora eu estava ali sem ter idéia de quando poderia ir pra casa.
  Como eu nunca tinha visto esse lugar??? Eu passava ali todos os dias! Até que era aconchegante, estava vazio. Vazio por que todos tinham ido embora correndo da chuva? Ou vazio por que o horário de movimento era mais tarde? Ou vazio por que talvez nem funcionasse mais? Afinal eu já estava ali há uns minutos e nada de ninguém aparecer.
  Fui até a porta para ver se já poderia ir ao estacionamento, aquele lugar estava começando a me deixar nervosa, mas quando me aproximei, alguém a abriu. Se levei um susto? Claro que levei, deixei cair minha bolsa, as chaves, tudo.
  Mas a pessoa, me pediu desculpas e entrou, era um homem alto, deveria ter minha idade ou pouco mais. Me pediu novamente desculpas, e disse que não queria me assustar. Pude ver que a chuva não tinha passado, só parecia piorar. Então voltei para o balcão, vazio.
  Perguntou se podia sentar-se ao meu lado, já sentando, tocou uma campainha que tinha no balcão, de uma porta saiu uma moça meio carrancuda, me perguntou o que eu queria, ele então respondeu 2 expressos daqueles grandes  e caprichados.
  Ele se apresentou, perguntou meu nome e se eu estava ali fugindo da chuva. Respondi em poucas palavras. Mas ele estava determinado a puxar papo. Começou a me contar que tinha acabado de chegar na cidade que tinha morado por 5 anos fora, mas que um dia se perguntou se queria continuar em outro país que não fosse o seu e não sabia a resposta! Não se lembrava mais de por que tinha ido pra lá, e nem ao menos se queria ficar! Era hora de voltar! Pensar, reavaliar, voltar ao princípio e encontrar novo caminho (palavras dele), ele ficou ali contando e eu ouvindo.
  Ouvia com atenção, dei risada, me emocionei, me encantei com a história daquele desconhecido. Ele sabia entreter, é fato.
  Mais um expresso, mais uma passagem da vida aventureira. Aventureira, algo que eu nunca fui, ou nunca me permiti ser.
  Prestava atenção em suas mãos, no seu jeito de falar, no jeito que passava as mãos no cabelo, no perfume... o que mesmo eu estava fazendo ali? A chuva, o supermercado, é mesmo, tudo parecia tão sem importância. Ele percebeu, por que me perguntou se eu estava preocupada com alguma coisa, se tinha algum compromisso, se estava atrasada.
 Sim, estava. Atrasada para vida, atrasada para minha própria vida.
 A porta novamente se abriu alguém entrou, vi a rua, a chuva tinha parado. Nossa! Quanto tempo estávamos ali? Horas talvez!
  Tipicamente eu, levantei disse que tinha que ir embora. Procurei pela moça queria pagar meus expressos, mas ele não deixou disse que fazia questão. Agradeci e fui, sem dar tempo para despedidas.
   Cheguei no carro, ainda envolvida por tudo aquilo. Pensei e amanhã quando eu passar por aqui vou olhar pra dentro do bar/café e procurá-lo? Me arrepender? Não!
 Fiz rapidamente o retorno, eu conhecia todo aquele bairro como a palma da minha mão!
 Em poucos minutos estava em frente ao bar/café e ele na porta, saindo, parei o carro, desci o vidro, e agora? Não sabia o que iria falar, mas então ele disse tudo com um sorriso!!!
O mais encantador dos sorrisos!

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Existe amor em SP?




Existe, é claro que ele existe.


Ás vezes se encontra espremido entre os arranha céus, entre as lotadas padarias. Esperando um tempinho entre um semáforo e outro. Correndo pra não perder o metrô!


Ás vezes ele se perde nos retornos, mãos e contra mãos de tortuosas ruas e avenidas da cidade confusa! Perde a hora por conta da 23 de Maio parada, tenta em vão a Marginal pra ganhar tempo, mas não sai do lugar! Então liga o radio e acende um cigarro, o que lhe resta é esperar!


Ele resiste aos prazos, aos horários, agüenta firme cada segunda feira, dá esperanças na quarta e surge mais forte do que nunca na sexta. Pra tomar conta de 2 dias só seus!


Ele surge num cruzamento da barulhenta Faria Lima, numa mesa de um barzinho aconchegante na Madalena, corre por toda Paulista, e pára na Radial ás 18h!


Surge num olhar, num sorriso, em uma simples gentileza, ou num esbarrão desastrado que derruba todos aqueles mil papéis na sua mão!


Tem pressa na cidade que corre, muitos vem e vão, muitos passam por ele sem nem notar, sua ilustre presença. Sorte daqueles que o percebem ali, sorte daqueles que são percebidos por ele. Sorte daqueles que por um dia, um mês, 10 anos, o resto da vida convivem com ele, o conhecem e se deixam conhecer!


Sim ele existe, nasce, cresce, borbulha e ferve, nos faz suspirar, perder a cabeça, a razão, os horários, o metrô, errar os retornos, e achar lindo o congestionamento de 110km numa sexta feira quente de fevereiro. Trazendo cores para a cidade cinza, música para a sinfonia de buzinas, e sorrisos na correria!!!


Definitivamente existe amor em SP!